sábado, 28 de setembro de 2013 @ 15:41
  Talvez eu não encontre um barbudo poeta ao estilo boêmio meio Marcelo Camelo por aí, talvez nunca mais passe em frente ao cinema da gazeta, e talvez eu continue lembrando de amargas memórias e chorando de  saudade depois de  ler aquelas velhas cartas. Às vezes esse vazio me invade, e, quem sabe seja apenas a fase, sinto que estou diminuindo e me perdendo, desgastando-me pelas estações de metrô por aí, sinto o sufoco e toda a pressão existente aqui.
  Um dia sem poesia é um dia perdido. Assim como sem escrita, sem prosa em si. Sem arte, música, sem inspiração e até sem o semblante de criatividade (que para mim vem em imagens de flores coloridas e muitas luzes brancas) é um dia que se perdeu. Passei meses dissipando-me por aí, colecionando pessoas e momentos, mas esquecendo de mim, perdendo meus dias, diluindo minha poesia e inspiração em lágrimas vãs, esquecendo da arte que há nisso tudo que vejo, deixando-a em segundo plano. Deixei os sambinhas de lado e a beleza foi se afogando em tais lágrimas, durante todo esse tempo. 
  Mas existe São Francisco (ou San Francisco, sem abrasileirar), e Scott Mackenzie me despertou, voltei a me sentir infinita. Ele diz "If you're going to san francisco, be sure to wear some flowers in your hair" e eu só interpreto como minha alegria regressando, recolorindo minha casa, os sambinhas voltando, a poesia acordando e as flores acendendo meu caminho. O metrô não parece mais tão solitário e me sinto linda ao olhar no espelho
  O vazio não existe mais. Preenchi-me de flores e poemas. Música, arte, cultura, qualquer coisa que afaste a solidão. Passei a dançar sozinha, não por estar solitária, mas por gostar da minha companhia, e tudo bem que eu nunca vou caber naquele jeans vermelho que foi da minha mãe nos anos 90, tem tanta coisa maior com o que me preocupar, inclusive o que farei no próximo sábado à noite. Estou lendo mais, e escrevendo também. Sabe aquele filme que eu disse que assisti e mesmo mentindo, eu gosto? Ele passou semana passada e, cara, é muito bom! 
  Às vezes ainda me sinto mal e dá vontade de mandar meio mundo ao inferno por tanta hipocrisia e futilidade, não é uma vida perfeita, mas deixe estar, tudo segue, tudo passa, tudo se acerta...
  Mas é, o tempo agora rende mais, e apareceram novos ideais direcionando meu ver do mundo. Tô gostando de cinema e me achando uma graça, mesmo sendo essa bagunça descabelada. A vida nunca me pareceu tão bela e eu, nunca me senti tão inspirada, tão bonita, tão em paz, tão bem... Tão eu. 
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